O Estado Islâmico ainda está ativo - e os Cristãos estão na linha de fogo

17 October 2024

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O Estado Islâmico (EI - também conhecido como ISIS, ISIL ou Daesh, da sigla em Inglês) perdeu a última parte de seu califado no Oriente Médio em 2019. Mas se alguém pensava que o grupo terrorista havia sido derrotado, estava enganado. O Estado Islâmico ainda é uma ameaça ativa à segurança global, ainda é um perigo para pessoas de todas as religiões e de nenhuma religião, e ainda é um dos principais perpetradores da perseguição aos Cristãos.

Um vídeo de propaganda do Estado Islâmico de 2022 mostra combatentes no Iraque [Crédito da Imagem: Syrian Observatory for Human Rights]

Em que acredita o Estado Islâmico?

Há vários elementos na ideologia do Estado Islâmico, que podem ser caracterizados como Islâmicos, Salafistas e jihadistas.

O Islamismo é uma forma de Islã político cujos adeptos acreditam que a lei Islâmica (sharia) deve dominar. Há formas gradualistas de Islamismo e formas violentas, das quais o EI é o exemplo mais claro. O Salafismo é um movimento pela pureza dentro do Islã, um esforço para remover da religião as inovações modernas e não Islâmicas (bid'a). O significado de jihad é debatido, mas para o EI e outros como eles, significa guerra violenta contra os não crentes.

O EI acredita que está travando uma guerra que resultará em uma vitória final da umma (a comunidade muçulmana universal) contra o mundo não muçulmano.

Qual foi a origem do Estado Islâmico?

O EI surgiu no final dos anos 2000 como o braço Iraquiano da Al Qaeda. As diferenças táticas e teológicas, combinadas com um grande grau de lutas internas, fizeram com que ele logo se separasse de sua organização-mãe.

O EI começou a se apoderar de áreas do Iraque e da vizinha Síria em 2014, e logo passou a deter um terço do território Iraquiano e um quarto do território Sírio. Em junho daquele ano, esse território foi declarado como o califado, com o então líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, como califa - o líder, segundo o EI, a quem todos os muçulmanos devem lealdade.

Em pouco tempo, o EI estava lutando para manter seu califado diante da oposição de uma aliança militar internacional. Ele havia perdido 95% de seu território em dezembro de 2017 e foi declarado derrotado após a perda de seu último pedaço de terra em março de 2019.

O Estado Islâmico foi derrotado?

A perda desse território e a morte do líder do Estado Islâmico, al-Baghdadi, durante um ataque dos EUA seis meses depois foi um duro golpe. Mas o EI ainda está ativo.

Mesmo no auge de seu controle sobre o califado do Oriente Médio, o grupo terrorista estava se estabelecendo em outros lugares: primeiro no norte da África, depois no centro-sul e sudeste da Ásia e, talvez com mais sucesso, na África subsaariana.

O EI sobrevive no Iraque e na Síria, mas talvez seja mais forte em outros lugares.

Onde o Estado Islâmico está atuando?

Há províncias (wilayat) do Estado Islâmico em muitos lugares. Estas são apenas algumas das mais notáveis.

Estado Islâmico na África Ocidental

Duas grandes ramificações do EI são a Província do Estado Islâmico na África Ocidental (ISWAP, da sigla em Inglês, com sede na Nigéria) e a Província do Estado Islâmico no Sahel (ISSP, da sigla em Inglês). O ISSP é um dos grupos Islamistas que ameaça dominar Burkina Faso, Mali e Níger - um pesquisador o chama de “a Afeganização do Sahel Africano”.  O ISWAP contribuiu para uma situação no norte e no Cinturão Médio da Nigéria que levou à morte de cerca de 45.000 Cristãos nos últimos 15 anos.

Foto do EI mostrando combatentes da Província da África Central do Estado Islâmico jurando lealdade (bai'a) à liderança central do EI [Crédito da Imagem: Strategic Intelligence Service]

Estado Islâmico na R.D. Congo e em Moçambique

O Estado Islâmico em Moçambique (IS-M) vem travando uma guerra no norte do país há vários anos. Ainda mais do que outros terroristas Islâmicos, os combatentes do IS-M são conhecidos pela brutalidade de seus assassinatos. A Província da África Central do Estado Islâmico (ISCAP, também conhecida como Forças Democráticas Aliadas) está sediada no nordeste da República Democrática do Congo, onde massacrou mais de 5.000 Cristãos desde outubro de 2017. Ambos os grupos são coordenados pelo Escritório Al Karrar do Estado Islâmico na Somália, e há relatos de que os combatentes circulam livremente entre as duas zonas de conflito. O ISCAP foi responsável pelo massacre da escola que deixou quase 40 crianças Cristãs mortas no oeste de Uganda em junho de 2023.

Estado Islâmico no Afeganistão

O caos que reina no Afeganistão desde a tomada do poder pelo Talibã em agosto de 2021 permitiu o florescimento da Província de Khorasan do Estado Islâmico (ISKP, da sigla em Inglês). O ISKP é eficaz na disseminação da propaganda do EI em vários idiomas e na atração de recrutas na Ásia Central, especialmente Tadjiques. O grupo realizou ataques no Paquistão e no Irã, bem como no Afeganistão. Ele chegou a atacar a Rússia e acredita-se que seja a afiliada do EI mais ativa no planejamento de operações no Ocidente.

O Estado Islâmico ameaça os Cristãos?

É preciso entender claramente que o Estado Islâmico ameaça a todos, inclusive os Muçulmanos. Dada a extrema ideologia takfiri (disposição de declarar outros Muçulmanos apóstatas) do EI, até mesmo outros jihadistas podem ser vistos como inimigos mortais. No entanto, os Cristãos são um alvo especial.

No califado Iraquiano-Sírio, os Cristãos estavam entre os grupos minoritários (os Yazidis eram outro exemplo notável) que sofreram com a brutalidade do EI - subjugados, forçados a entregar suas casas e propriedades e sair, ou serem mortos.

Atualmente, os afiliados do EI seguem o mesmo padrão. O ISCAP, por exemplo, frequentemente publica em canais de mídia social seu agradecimento pelo massacre de Cristãos na República Democrática do Congo. O IS-M ameaçou os Cristãos (e os Judeus) de morte se eles se recusarem a pagar a jizya (um imposto devido aos conquistadores Islâmicos pelos Cristãos e Judeus que aceitam a subjugação).

Como podemos reagir ao Estado Islâmico?

A segurança e o contraterrorismo são áreas complexas. Está claro que o EI continua sendo uma ameaça global e que a comunidade internacional não pode permitir que outras guerras e desastres humanitários tirem o EI da agenda.

Também está claro que a ação militar contra o EI é insuficiente. A propaganda on-line por meio de canais de mídia social, o ciberterrorismo Islâmico e a movimentação de fundos (por exemplo, pelo al Karrar Office, com sede na Somália) também devem ser interrompidos. Os Muçulmanos moderados também podem ajudar se manifestando contra o EI para combater a radicalização, principalmente de jovens Muçulmanos.

Como Cristãos, podemos nos sentir impotentes diante de um perigo tão avassalador. No entanto, devemos nos lembrar de que aqueles que lutam por nós são mais numerosos do que aqueles que lutam contra nós (2 Reis 6:16-17). Nosso Deus não se deixa abater e prometeu a segurança eterna de todos os que se refugiam nEle.

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