Discipulado: 
Permanecendo firme nos princípios Cristãos diante da adversidade

Quantas vezes você já se sentiu desprezado ou julgado pelas pessoas ao seu redor por causa de sua fé? Muitos Cristãos provavelmente responderiam “muitas”. Nos sentimos pressionados a esconder – ou até mesmo a mudar – nossas crenças porque elas não se encaixam na visão de mundo mantida por nossa sociedade.

Se suas crenças e valores são derivados da Bíblia, é provável que você muitas vezes se sinta um pouco à margem da sociedade, incapaz de se relacionar com as crenças e experiências de seus amigos e familiares seculares. Talvez você se sinta em desvantagem numérica ou ridicularizado. Você pode até ter se perguntado se as suas opiniões bíblicas poderiam estar erradas e as crenças seculares poderiam estar certas, já que são tão amplamente defendidas e aceitas.

Mas, em tais momentos, tenha coragem, pois foi exatamente isso que Jesus previu que Seus discípulos passariam.

Odiado pelo mundo, mas amado por Deus

No Evangelho de João, Jesus diz aos apóstolos: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).

Aqui, Jesus está reconhecendo que não será fácil para Seus discípulos, pois eles viverão em um mundo que rejeita os mandamentos que Seus discípulos devem seguir. Os Cristãos serão odiados pelo mundo secular ao seu redor.

No entanto, devemos nos confortar sabendo que Jesus também foi odiado e que, portanto, estamos compartilhando da experiência de nosso Senhor. O ódio do mundo é uma das marcas de que somos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória” (Romanos 8.17). O Senhor escolheu cada um de nós, nos tirando deste mundo decaído e nos levando para a Sua luz (João 1.4-5). Somos odiados pelo mundo porque somos fundamentalmente diferentes dele, da mesma forma que Jesus era.

Uma resposta ao ódio semelhante à de Cristo

Então, como podemos permanecer firmes em nossos princípios Cristãos diante da adversidade? Bem, da mesma forma que o ódio do mundo por nós reflete seu ódio por Jesus, nossas ações e respostas a esse ódio também devem refletir as de Jesus. Se moldarmos nossa vida de acordo com a Dele, podemos ter certeza de que estamos fazendo o que é certo.

Um bom exemplo do ódio sofrido por Jesus por fazer o que é certo é encontrado em Mateus 21. Jesus vê o templo sendo usado para propósitos impróprios e o restaura a um lugar de oração (Mateus 21.12-13). Ele cura os doentes e feridos, o que faz com que as crianças O louvem.

Os chefes dos sacerdotes do templo, no entanto, em vez de louvá-Lo ou agradecê-Lo por essas boas obras, ficam indignados porque as crianças O estão louvando (Mateus 21.14-15). Quando Ele ensina no templo, eles questionam Sua autoridade (Mateus 21.23). Então Jesus conta parábolas a eles, explicando que aqueles que se arrependem de seus pecados e acreditam na Palavra de Deus irão para o céu antes dos sacerdotes que não se arrependem, mesmo que as pessoas arrependidas sejam cobradores de impostos e prostitutas. Os chefes dos sacerdotes, é claro, não gostam de ouvir isso e até procuram uma maneira de prender Jesus pelo que Ele disse e fez (Mateus 21.28-49).

Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram (João 1.4-5)

Cristo demonstra a graça de Deus declarando a verdade

Jesus sabia que Suas ações e palavras seriam inflamatórias para os chefes dos sacerdotes, que já não gostavam Dele. No entanto, diante do ódio, Ele continuou a agir com graça e a declarar a verdade.

A purificação do templo declarou a verdade de que as ações mundanas nos separam de Deus, e um espaço de arrependimento e fé deve permanecer não poluído por coisas que não demonstram Sua glória. Foi também um ato de graça para aqueles que estavam buscando acesso a Deus, mas cujos esforços eram dificultados por aqueles que o haviam transformado em um “covil de ladrões” (Mateus 21.13).

A cura dos doentes demonstrou graça àqueles que estavam sofrendo, ao mesmo tempo em que comunicou a verdade de que Cristo tem o poder de curar e purificar.

As parábolas contadas no templo mostram que o Senhor não se esquivava de falar a verdade, mesmo que ela fosse desagradável para aqueles que, como os chefes dos sacerdotes, tinham endurecido o coração em relação a ela. No entanto, essas parábolas também declaram poderosamente a graça de Deus, ilustrando a mensagem do Evangelho de que a salvação é concedida até mesmo àqueles que a sociedade julga estarem entre os piores pecadores (Mateus 21.31).

As palavras e ações de Jesus não diminuíram o ódio daqueles que estavam determinados a se opor a Ele. No entanto, muitos outros foram atraídos a Ele durante esses eventos.

Entre elas estão as pessoas que abriram caminho para Ele na estrada para Jerusalém (Mateus 21.8-9), as que vieram para serem curadas por Ele no templo, as crianças que gritavam louvores a Ele e as pessoas que vieram para ouvir Seus ensinamentos. De fato, eram tantas as pessoas que haviam sido inspiradas por Jesus que os chefes dos sacerdotes não ousaram prendê-Lo por causa da multidão de fiéis (Mateus 21.46).

Isso demonstra que a perseverança diante da oposição leva a luz da verdade àqueles que antes eram mantidos na escuridão deste mundo caído. Isso deve nos incentivar a seguir a Cristo e falar a verdade sempre que possível, mesmo quando formos odiados por isso.

Como podemos seguir o exemplo de Cristo

Assim como outras pessoas seguiram Jesus quando viram o que Ele fez, nós também podemos ter a esperança de inspirar outras pessoas. “Se me perseguiram, também perseguirão vocês”, ensinou Jesus – mas imediatamente acrescentou: “Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês” (João 15.20). Isso significa que, se agirmos da mesma forma que Jesus agiu e ensinarmos o que Ele ensinou, poderemos, pela graça de Deus, levar as pessoas a Ele.

Jesus disse a Seus apóstolos para irem e fazerem discípulos em todo o mundo (Mateus 28.19), portanto, é nosso dever como seguidores de Cristo fazer isso sempre que possível. Podemos ver em cada um dos quatro Evangelhos que as pessoas foram atraídas a Jesus por causa de Suas boas obras e ensinamentos diante do ódio; se nos espelharmos Nele e falarmos a verdade, fazendo o que é certo mesmo quando o mundo nos odeia por isso, mostraremos aos outros a luz de Cristo, encorajando-os a seguir a Ele.

Da mesma forma, assim como o exemplo de Cristo é um incentivo para nós, nossas ações semelhantes às de Cristo – se Deus quiser – podem ser um incentivo para outros Cristãos. Alguns de nossos irmãos e irmãs podem ter medo de enfrentar oposição e perseguição, mas coragem gera coragem, e o ferro afia o ferro (Provérbios 27.17): ao nos verem firmes nos ensinamentos de Cristo, eles podem ser encorajados a fazer o mesmo.

Discipulado Verdadeiro

Esse é o verdadeiro discipulado: espelhar as ações de Jesus com as nossas próprias ações e permanecer firmes no Senhor e em Seus ensinamentos diante do ódio. Por meio disso, podemos incentivar nossos irmãos e irmãs e inspirar outras pessoas a segui-Lo. Podemos ser demonstrações práticas da luz de Cristo, espalhando essa luz para outras pessoas na escuridão do mundo:

“A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotam” (João 1.5).