“Espalhei o sangue de meus colegas mortos em minha boca, orelhas e cabeça para que os agressores pensassem que eu estava morto.” Foi assim que um aluno da escola sobreviveu ao massacre de quase 40 alunos por Islamistas em Mpondwe, distrito de Kasese, no oeste de Uganda.
Homens armados do grupo jihadista Forças Democráticas Aliadas (ADF, da sigla em Inglês) invadiram o internato quando as crianças estavam cantando hinos Cristãos e se preparando para dormir. Julius se abrigou em uma abertura no teto, de onde observou seus jovens amigos sendo mortos a golpes de machetes (facão). Os assassinos foram embora, mas Julius caiu de seu esconderijo, e o baque os alertou sobre sua presença.
Foi então que ele se cobriu com o sangue ainda quente das crianças mortas, de modo que os homens armados que retornavam pensaram que ele era apenas mais um cadáver. Ele conseguiu escapar do local antes que o prédio da escola sucumbisse às chamas.
O califado Africano
Os detalhes repugnantes do massacre de Mpondwe foram amplamente divulgados. O mundo se levantou e tomou conhecimento dessa atrocidade desprezível, mas o mundo não entende a escala desse problema nem por que ele está acontecendo.
Os assassinatos em massa de Cristãos por Islamistas ocorrem regularmente na África Subsaariana, especialmente em pontos críticos de atividade terrorista, como a República Democrática do Congo (RDC), o norte de Moçambique, bem como o norte e o Cinturão Médio da Nigéria (consulte Visão Geral da Perseguição | Ajuda Barnabas para saber mais sobre como nossos irmãos e irmãs perseguidos estão sofrendo nessas terras).
A causa é o Islamismo. As ADF não são apenas rebeldes ou militantes, mas jihadistas. Eles são afiliados ao Estado Islâmico (EI - também conhecido como ISIS, ISIL, Daesh, das siglas em Inglês). Junto com o Estado Islâmico em Moçambique, eles formam o Estado Islâmico na Província da África Central. A violência na Nigéria e em toda a África Ocidental é praticada pelo Estado Islâmico na Província da África Ocidental, pelo grupo jihadista Boko Haram e outros extremistas Islâmicos.
Os grupos terroristas afiliados ao EI ou à Al Qaeda proliferaram na África Subsaariana, a ponto de os observadores fazerem previsões preocupantes de um califado Africano que se estende do Atlântico ao Oceano Índico.
“Montes de cadáveres de Cristãos e rios de seu sangue”
Os governos e a comunidade internacional condenaram com razão o massacre em Uganda, mas um simples fato foi amplamente ignorado: as vítimas eram Cristãos que foram alvos por esse mesmo motivo.
Os terroristas da ADF que realizaram esse ato repreensível têm massacrado centenas de Cristãos no nordeste da República Democrática do Congo. No norte e no Cinturão Médio da Nigéria, mais de 11.000 Cristãos foram assassinados por Islamistas desde 2015. Um especialista chamou isso, com razão, de “genocídio Cristão”.
Não devemos ignorar que pessoas de todas as religiões e de nenhuma acabam sendo vítimas da violência jihadista. O Estado Islâmico de Moçambique (ISM, da sigla em Inglês) talvez tenha feito as declarações mais claras de que os Muçulmanos que se recusarem a apoiar a causa Islâmica também serão mortos.
Mas o ISM também tem feito questão de se regozijar em declarações nas mídias sociais quando Cristãos, especificamente, são mortos pelos “soldados do califado”. Seus líderes se vangloriaram de construir sua província Islâmica “sobre montes de cadáveres de Cristãos e rios de seu sangue”.
Em uma campanha de cartazes de 2022 (foto acima), o EI se regozijou com o assassinato de Cristãos e com a queima de prédios de igrejas em toda a África, uma campanha que eles chamaram de “Colheita de Cristãos Africanos”. Os Cristãos não são as únicas vítimas; outros grupos são alvos dos jihadistas, incluindo os Muçulmanos moderados.
Atrocidades como a de Uganda - e as dezenas de ataques semelhantes em toda a África - geralmente são atribuídas a crises econômicas, marginalização e falta de oportunidades, governos corruptos ou autoritários ou problemas ambientais que reduzem a oferta de terras aráveis e pastoris. Todos esses fatores desempenham um papel importante, mas comentaristas ingênuos estão transformando esses fatores agravantes em causas primárias, ignorando - deliberadamente ou não - o objetivo declarado dos Islamistas em toda a África: matar o maior número possível de Cristãos que puderem.
“Onde estava a segurança?”
“Onde estava essa segurança quando esses assassinos chegaram a Uganda?” Essa foi a pergunta incisiva levantada pela parlamentar Ugandense Florence Kabugho. “Não há razão para que esse ataque tenha ocorrido”, declarou Daniel Bwambale, especialista em governo e leis de Uganda, acrescentando: “Há recursos aéreos disponíveis, veículos aéreos não tripulados, artilharia e, sem dúvida, pessoal suficiente.”
Essas perguntas ecoam os clamores dos Cristãos na Nigéria, que há muito tempo pedem que seu governo faça mais para evitar a violência Islâmica contínua. “Eu nunca vi uma nação tão confortável assistindo aos assassinatos de seus cidadãos diariamente”, disse um bispo Nigeriano sênior em abril deste ano, acrescentando que “nada foi feito nos últimos 15 anos”.
“Quase diariamente, ouvimos pessoas sendo mortas às dezenas e centenas”, continuou ele. “O governo precisa acordar.”
O bispo estava falando na reabertura de uma igreja no estado de Ondo, na Nigéria, onde mais de 50 fiéis foram mortos a tiros por terroristas afiliados ao EI durante um culto na igreja em junho de 2022. Nos dias que se seguiram a esse ataque anticristão, um líder ocidental disse, de forma infame, que a causa eram “questões de segurança alimentar” e “mudanças climáticas”.
Essa ofuscação por parte dos governos de todas as partes do mundo é uma parte importante do problema. Está claro que as comunidades Cristãs são especialmente vulneráveis a ataques de terroristas Islâmicos cruéis que estão sendo autorizados a realizar a jihad com impunidade em toda a África Subsaariana. No entanto, as comunidades Cristãs não são reconhecidas como vulneráveis quando esses fatos são minimizados, ignorados ou até mesmo negados.
Os governos e as instituições internacionais devem começar reconhecendo que os Cristãos Africanos correm um risco especial de serem atacados por Islamistas. Em seguida, eles devem tomar medidas para proteger as comunidades Cristãs da violência jihadista. Nossa parte é continuar a fornecer ajuda e apoio prático às comunidades Cristãs sitiadas onde e quando pudermos e, acima de tudo, orar por nossos irmãos e irmãs que estão em meio a essa terrível perseguição.
O Ajuda Barnabas continua a monitorar a situação na África. Em revistas futuras, compartilharemos como você pode agir em favor de nossos irmãos e irmãs Africanos.
Um dos dormitórios da escola de Kasese onde muitos jovens Cristãos foram queimados até a morte por Islamistas. Funcionários do Ministério da Educação de Uganda inspecionam o local do massacre [Crédito da imagem: Janet K Museveni]