Um novo genocídio Armênio "pode já estar em curso" em Alto Carabaque. É esta a opinião expressa em um relatório emergencial publicado pelo Instituto Lemkin para a Prevenção do Genocídio no dia 5 de setembro.
O relatório "aponta para a existência de vários sinais de alerta graves para o genocídio, padrões típicos de genocídio e provas da intenção especial de cometer esse crime".
Alto Carabaque é uma região Cristã Armênia que, devido a uma peculiaridade histórica, se situa dentro das fronteiras do Azerbaijão, de maioria Muçulmana.
A região é habitada por Armênios (que aceitaram o Cristianismo em 301 d.C.) há pelo menos 2.500 anos. Sob o domínio da União Soviética, era governada como um oblast independente no seio da República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo sido incorporada na República do Azerbaijão após a dissolução da URSS.
O Alto Carabaque está sob cerco há nove meses, desde o dia 12 de dezembro de 2022, com o Azerbaijão bloqueando o Corredor de Lachin - a única rota terrestre entre o Alto Carabaque e a Armênia. Os líderes da Igreja advertiram que "é provável que haja fome em massa nos próximos meses".
O relatório Lemkin argumenta que este "bloqueio ilegal do Corredor de Lachin [...] é um esforço deliberadamente direcionado para infligir condições de vida calculadas para provocar a destruição dos Armênios [de Alto Carabaque] - o que pode constituir o crime de genocídio de acordo com a Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio de 1948".
O Alerta de genocídio não é um exagero
Os avisos de genocídio do Instituto Lemkin e de outros observadores não são retóricas exageradas.
Há um século, vários milhares de Armênios de Alto Carabaque faziam parte dos 3,75 milhões de Cristãos Armênios, Assírios, Siríacos e Gregos que foram sistematicamente exterminados em uma campanha de 30 anos levada a cabo pelos governantes Turcos do Império Otomano, entre 1893 e 1923.
Segundo o relatório Lemkin, as atitudes antiarmênias que marcaram o genocídio Armênio ainda hoje prevalecem.
A invasão de Alto Carabaque pelo Azerbaijão, em setembro de 2020, caracterizou-se por muitos como crimes de guerra e violações dos direitos humanos, que, segundo o Relatório Lemkin, "fazem lembrar a violência do genocídio Armênio".
O relatório ressalta também que o Azerbaijão está efetivamente reforçando suas forças armadas, o que sugere a possibilidade de uma nova invasão de Alto Carabaque, que "poderia levar à fase de assassinato em massa do genocídio", tanto no próprio Alto Carabaque quanto na região do Cáucaso Meridional.
Agora, o palco está montado para um segundo genocídio Armênio. Cabe à comunidade internacional atuar rapidamente para evitar tal atrocidade.